Bumerangue
Friamente recusado,
O cheque não tinha fundos.
Devolvido, pela segunda vez...
Aquele papel amassado, por idas e vindas, perguntava-se:
E agora, pra onde vou?
Mais uma dobra, e de volta ao bolso.
Sentia-se envergonhado, não tinha mais valor.
Melhor então ser rasgado, queimado.
Se não compensa, não compensa.
Coitado do credor!
Se o destino lhe tocara ser dinheiro,
Preferia ser o verdadeiro.
Que, igual gente com a velhice,
Morre aos poucos com a inflação.
Sem ganhar mil apelidos.
Sem sofrer humilhação.
Sina que já começa.
Branco ainda no talão.
Onde só se aceita cash.
Ou até em doze no cartão.