Perigosa!

Tão devassa no teu jeito de despir,
Tem desgraça no teu jeito de olhar,
Tem fumaça no teu jeito de agir,
Que se embaraça com quem vais deitar.

E nas praças vais vender o teu amor,
Mas tão sem graça, voltas para o quarto teu,
Deste pra massa que o teu cio sustentou,
E na manguaça, na trapaça, se perdeu.

E na raça vais fingindo ter prazer,
Uva-passa na salada natural,
Faz pirraça, desce as calças por lazer,
E se faz caça ao frenesi do carnaval.

Se te abraça um descuidado camafeu
E entrelaça as pernas dele com as tuas
E se engraça a roncar como Morfeu
Com as traças vai parar no olho da rua.

Se me laças, nem de graça quero tê-la,
De arruaça já me basta a ingratidão,
Na tua taça de aguardente eu vou bebê-la,
Pois és cachaça com o nome de ilusão.