"Loura, por favor"


Era uma cidade alegre e pequena,

onde tive bem mais de um amor,

uma se chamava Maria Madalena,

também tinha a Joana e a Eleanor...

Tinha duas irmãs Miréia e a Mirena,

e de todas elas eu já sentira o calor...

Mas tinha uma birra da gota serena,

que chegava a me dar até um pavor...

É que eu só arranjava mulher morena,

Branca, nem com reza de pai Nicanor!

Ia à zona três vezes em uma quinzena,

se tivesse dez brancas e uma de cor...

Os amigos e as brancas faziam a sena,

Era Bianca, Elaine, Mary, Julia, e a Flor,

Judith, Carol, Elisa, Sol e Maria Helena...

Pra mim sobrava era a Maria das Dor.

Eu não estou reclamando da pequena,

Era a comida que eu adorava o sabor...

É que: o meu cabelo era cor de gema,

Meus olhos claros eram de azul redentor,

a branca me olhava de forma extrema,

dizia branco com branco não tem valor!

De raiva eu já estava criando enfisema,

ai como eu queria de uma branca o amor,

E um dia na praça numa noite de novena...

O povo assustado, foram chamar o doutor,

Dizendo que eu estava louco, de dar pena...

Gritava a toda altura, uma loura, por favor.

 
Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 13/01/2015
Código do texto: T5100725
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