Lauro Vieira
Lembro-me de quando fui seus olhos
No tempo de escuridão
Levei você por caminhos que já conhecia
No entanto, já não possuía visão .
Caminhávamos de mãos dadas
No silencio da manhã
Íamos caminhando sorrindo
Já sabia quem o esperava
Apesar das dificuldades
Sua lida ia cumprindo .
Lembro-me quando fui suas mãos
Quando já não podia pegar
Já estavam trémulas pela idade
Mas já foram mãos fortes
E também macias na hora de nos acariciar.
Lembro-me quando fui sua boca
Para poder falar
Já não contava suas piadas e estórias
Que amávamos escutar,
Hoje as espalho por todos os lados
Conto, reconto sem me enjoar .
Lembro-me quando tive que ser sua companhia
Quando não conseguia mais sair
Antes amava andar a cavalo, pescar, trabalhar, caçar
Depois passou a vida em uma rede
Sem suas decisões poder decidir.
Amava ir vender suas iguarias
Montava sua égua
Tomava-me pela mão e sai.
Era conhecido pelo seu jeito espontâneo
E todos queriam esta perto de si
Sorriam com suas “potocas”
Mas tudo isso pra trás foi ficando .
Hoje sua memoria esta dentro de mim
Antes fui apenas transportador de suas mensagens
Hoje sou seu próprio ser a sorrir
Também sou você a falar,
Sou eu neto de Lauro vieira
Que antes já fui seu guia
Hoje o levo no peito e na alma
E com as memórias boas de suas brincadeiras.
Chamava seiscentos c......
Ou seiscentos d......
Quando algo não saia como queria
Mas logo depois
Nos olhava com um olhar sapeca e sorria .
Lauro Vieira morreu no plano físico
Mas aqui ele ficou
Já tem textos, poemas, crônicas,
Tudo sobre você
Você se foi
Mas nos seus familiares vai sempre viver.