AOS NETOS DE VÓ BASTIANA

Que saudade que eu tenho

Dos meus tempos de crianças

Belos tempos da infância

Que do pensamento não me sai

Das alegres brincadeiras

À sombra da jabuticabeira

Da minha vó xingando

Seu cachorro jaguapóca

Do meu tio Luca

Admirando uma formiga gigante

Vista dentro de um binóculo de fotografia

De quando eu avistava da minha casa

Os carros em frente à casa da Vó:

“Eles chegaram!”

Do jipe do tio Ico,

Do DKW do tio Urbano

Das idas para o salto do Guaraú

Com o tio Carlos falando

Da sua querida Portuguesa de Desportos

Dos jogos de bola

No campinho

Embaixo do pé de gabiroba

Das guerras e batalhas

Nas moitas de Napoleão

Do tio Bastião

Tão sério que me dava medo

Do Berto no seu curto exílio ao interior

Me ensinando a ouvir

As loucuras do Raul e as poesias de Belchior:

“estava mais angustiado que um goleiro na hora do gol...”

Da foto dos pelados

Nas pedras do Guaraú

Eu lá não estava

Nem pelado nem peludo eu era

Das roupas que eu ganhava

Das tias que me abençoavam

Dos hinos cantados

Na cozinha da vó

E tio Luca acompanhando na gaita

Do Motoradio vermelho

Sobre a mesa

Com o ponteiro colado na Marumby

Do “tráfico” de fazer farinha,

Dos bijus e das berequecas

Do morro das mandiocas

Que um dia Tio Luca roçou

Do pé de jiçara

Que o Caga-"Fejão" melecou

Das pedras no telhado

Que eu sei quem jogou

Do abacateiro

No começo da descida

De quando a Vó falava

“Irmão Landino”

Das brigas muito loucas

Entre tio Luís e o Vô

Dos palavrões que a Vó falava

Sem medo de pecar

Do tio Urbano pregando

Nas igrejas que visitava

Da vida alegre que eu levava

Das primas bonitas que eu tinha

Todas lindas

Então o tempo foi passando

A gente foi crescendo

E logo se afastando

Uns se foram

Os filhos nasceram

E os netos chegando

Logo, logo a gente se vai

Para os braços do Pai

Obrigado! Obrigado!

Por me deixaram

Ser feliz ao lado de vocês

Esta não é

Uma canção de despedida

É apenas uma cantiga

De um menino que teima em não crescer

Para nunca esquecer

Do que é a felicidade:

Felicidade é estar perto de gente

Que faz tão bem ao coração da gente!!

Jonas De Antino
Enviado por Jonas De Antino em 18/07/2014
Reeditado em 08/06/2021
Código do texto: T4886458
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