Era um tempo de benção

Era um tempo de benção

E de novo a saudade, a lembrança

e de novo aquelas fotografias

quem vivem no meu pensamento

junto do baú de tantos relicários

de tantos recortes e recordações

somente para dizer num grito

que sou apenas a metade do que sou

porque o todo eu que é a outra metade

vivem no ontem e na estrada atrás

num tempo bom que não existe mais

num tempo de infância e mocidade

num tempo de cadeira de balanço

num tempo de rede balançando a vida

num tempo ainda tempo de se viver

e como eu queria agora continuar fazendo

um pouquinho daquilo que me ensinaram

dar a benção aos mais velhos

respeitar aos mais velhos e a todos

ser bom, ser trabalhador, ser grande

mas o que gostaria mesmo e mais

era novamente dar a benção a minha mãe

na última vez que eu dela me despedi

ela já não pôde ver nem ouvir minha benção

e como eu gostaria de dar a benção

como eu gostaria de não ter chorado o adeus

dar a benção e tê-la vivendo ainda

para me abençoar em nome do Senhor!

Rangel Alves da Costa

blograngel-sertao.blogspot.com