Vou chorar a dor da minha gente preta

Vou chorar a dor da minha gente preta

Vou cantar as suas dores

Cantarei seus amores

Vou dançar a história dos meus ancestrais negroides

Como dançou tio Francisco do Manoel Dias

Tia Nascimenta, tia Maria, tia Minervina no

Bumba em Agosto na Serrote com gaita de caule de mamona.

Também bem dançou e bateu palmas tia Preta

Aquela gostava de vestidos amarelos ouro

Vou contar as histórias suspensas nas memórias

Como bem contou minha avó Isabel

E meu avô Zinho.

Quem muito lindo cantarolou as músicas brasileiras

Antigas foi minha mãe, a Elizabete da voz sublime

E meu pai, Valmir, aboiava gado

Porém, melhor boiava era o outro tio Francisco,

O da Várzea do Curral e da Água Branca.

Eles todos me passaram essas incumbências

Pois descansam no Orum

Ou na terra sem males

Onde cantam e dançam a dança da chuva

Para chover na medida certa no sertão

E onde mais precisar de água do céu.

Rodison Roberto Santos

São Paulo, 31 de dezembro de 2023

Rodison Roberto Santos
Enviado por Rodison Roberto Santos em 24/02/2024
Reeditado em 24/02/2024
Código do texto: T8005772
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