Agora vale a alegria de viver

Agora e sempre só a vida vai valer

A alegria do mundo inteiro se precipitou para formar meu corpo.

As estrelas me beijaram e beijaram, até que eu despertei.

As flores dos verões fugitivos sopraram o seu perfume em minha boca, e as vozes do vento e da água cantaram em meus movimentos.

Nuvens e florestas fluíram em maré de cores apaixonadas, entrando em minha vida, e a música de todas as coisas me acariciou, dando forma aos meus membros.

Uma fonte suave brota do meu coração.

A alegria lava os meus olhos como o orvalho banhando a manhã e a vida estremece em meus membros como as cordas de uma guitarra.

Foi apenas ontem que eu vim à tua terra, Senhor nu e sem nome, com um grito choroso.

Hoje, a minha voz é alegre, e tu ficas de lado, abrindo espaço para que eu possa tornar plena a minha vida.

Senhor, garante que eu não seja tão covarde para sentir a tua misericórdia apenas no meu triunfo.

Permite-me encontrar o teu aperto de mão no meio do meu fracasso.

Que eu nunca peça para ficar livre dos perigos, mas coragem para enfrentá-los.

Que eu nunca peça para ficar livre dos perigos, mas coragem para enfrentá-los.

Que eu nunca mendigue paz para a minha dor, mas coração forte para dominá-la.

Que eu nunca procure aliados na batalha da vida, mas a minha própria força.

Que eu não anseie medrosamente pela salvação, mas tenha esperança e paciência para conquistar a minha liberdade.

Sinto que todas as estrelas brilham em mim.

O mundo irrompe em minha vida como inundação, e as flores desabrocham em meu corpo.

Toda a juventude da terra e da água fumega em meu coração, como incenso, e o sopro de todas as coisas brinca em meus pensamentos, como numa flauta.

Senhor, como gotas de descobrir que eu amo este mundo para onde me trouxeste!

Teu mundo é um feixe de luz, que se derrama e enche as tuas mãos.

Mas o teu céu está escondido em meu coração.

E, pouco a pouco, ele vai abrindo as suas flores em botão, com timidez de amor.

Ó meu Mestre, derrama o teu coração nas cordas da minha vida com as melodias que nascem das tuas estrelas.

R. Tagore (Seleção de Poemas de 'A Colheita')

R. Tagore
Enviado por Antonio Garcia Neto em 05/02/2022
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