Mais uma vez, estou aqui
Para deixar que, em alguns minutos
Meu inconsciente apareça
E traga até mim o meu verdadeiro eu
Sinto-me traidora de mim mesma
Quando, neste divã, conto a ti segredos meus,
Enquanto tu te calas e apenas ouves
O meu discurso apressado,
Por vezes, sem nexo...

Em alguns momentos, tua surdez é tanta
Que chego a duvidar que estejas
Deveras comigo...
É estranho, é doloroso, despir-me assim
Destas vestes que pesam sobre o meu espírito:
São, mágoas, são feridas, são culpas
Que arquivei de forma descuidada,
Em algum atalho da memória
De cuja senha não me recordo mais
E, por isso, recorro à tua escuta passiva.

É estranho..., no entanto, preciso de ti
Para não naufragar neste oceano de angústia
Em que navego solitária, dia após dia,
À procura de mim mesma...
Deposito em ti, portanto,
A esperança de me conduzires,
Ainda que seja tarde,
Ao meu tão esperado ENCONTRO!

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