A dor de um filho.
Vocês mesmos não acreditam nós,
Somos a vexação pra essa sua cólera,
Somos a causa da véspera que despreza,
A sermos destruídos até virarmos pós,
Somos o nada dito,
a não ser a miséria de sua causa.
Somos a podridão da carcaça,
em uma só palavra, malditos.
Pais que amaldiçoam filhos
e filhos que matam pais,
qual a razão disso? Pelos os quais…
Se não, pais que já foram filhos.
E nossos pais já nos fizeram órfãos,
pra nunca mais acordamos dos sonhos além…
do aconchego trivial que desdém,
motivados, somos, a mutilação dos órgãos.
Não ouvi uma palavra de conforto
nem um pobre eu te amo,
não se tem nem o reciproco esforço
então a ninguém eu clamo.
Diz-me, em seu desespero,
como sou um destruidor,
que a repugnância de ter nascido, sou,
concebido em todo o desprezo.
Minhas palavras, digo ainda em sua dor,
que não olho para essa sua magoa
posso mostrar ainda o meu valor
no amor que por mim te falta.
Sou teu filho ainda que digas que não me ama,
vou cuidar de ti, guando estiveres velha, invalida sobre a cama,
mesmo tendo cuspido as palavras na minha cara,
ainda assim, serei o bom filho que não te mata.