A aldeã fugidia

Abrasado em noites insone

por um raio fúlgido, insolente,

feneci. “Inconcluso”, o poema,

busquei sintonia nas palavras,

tracei mechas sobre meia face,

perdi-me em teses amorosas,

me expus em sentimentos

abstratos, entreguei-me à

debilidade física, e em colapso,

versado, dei vida a um retrato

por uma tecelã desconhecida.

E dela tenho me acostumado

a uma reprimenda síndrome,

pois seu nome, eis fantasiada

“estrela distante”, que pelo véu

mortífero caí em desmedida...

onde nesse caso o indivíduo,

fatigado, tornar-se-á sua vítima,

incapaz de alcançá-la, frágil,

me vejo num ato ensandecido,

e ela, desdenhando, tinhosa,

vez em quando, some, volta,

sem descortinar se vai ou fica,

paira no ar com a leveza sutil

e fugaz dos pássaros, “a aldeã

fugidia”, volta a ganhar os céus,

imprime metáforas no ar, em sua

tênue partida, sem deixar sinal

se voltará, e eu suicida.

Poesia Tofilliana
Enviado por Poesia Tofilliana em 03/08/2015
Reeditado em 07/08/2015
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