Sem voz, sem vez
Abandonar o caminho. Como avançar?
No caminho pedras gigantes muitas pedras
Impedem passagem
Como avançar?
A árvore da vida caiu. Fulminada
Num lampejo repentino
Virou cinzas do pecado
E sangra a esquerda do peito
Como avançar?
O caminho desvaneceu. Ficou deserto
Perdeu-se
O peito dói e a dor consome
Insone
Lacrimejante...
Fumaça assassina, que cega, e queima
Tudo normal, mal nenhum
Deixar livre o caminho
Da vergonha
Dos ditos grandes feitos
Subterfúgios
Hipocrisia encarapuçada
Amordaçar
Para sufocar os gritos
... dos inocentes
Sem voz, sem vez
A esperança submergiu
...mas não tarda
O horizonte desponta entre cinzas
A poesia não morreu.