O renascimento dos "corpos estendidos no chão" de Carlos Alberto Quednau
Temos corpos estendidos, não chão
Nunca tão rasos
nunca mortos
nunca tombados
Temos corpos estendidos em riste!
Pena ou esferográfica!
Uma máquina de jogar ao chão
pão de morte...
Temos sorte de estar de pé
fortalecidos pela fé
Por qualquer fé
ou por apenas, sermos seres humanos
Temos porte de arma, de caneta
Temos a música
temos a palheta nas cordas do violão
Temos a canção e cantamos hinos
somos as pontas do condão dos sinos
(de um lado a mão que embala
do outro o badalo que bate)
Somos muitos nas ruas do mundo
anunciando o início e o fim do calvário
Comemoramos aniversários, nascimentos
quando num tempo de um mundo
cujo amor, deitado em leitos, sem medo
despiu-se de toda culpa, depôs o látex...
Num tempo de curas, de amores verdadeiros
de filhos, crianças amadas, aguardadas
sendo a luz que chega à casa escura
como velas acesas...
Temos corpos estendidos, horizontais ou verticais
fazendo amor de todas as formas
gerando todos os filhos possíveis
crianças, livros, canções...
Este é um novo mundo parindo o seu futuro
não, do que é feio
não, do que é lindo
Este é um novo mundo, sem olhos
de outros sentidos
da história recontada nos versos
nas linhas riscadas
pela ponta da espada dos poetas...
Poetas de metas
poetas engenheiros, arquitetos, peões
poetas médicos, poetas quaisquer!
Poetas!!!
Que calam da boca, verbos de morte
que raspam entre os dentes e deitam à língua
o gosto do amor
NOTA: contra-ponto ao poema, "Corpos estendidos no chão", do meu amigo, Carlos Alberto Quednau em seu livro; "Sentimentos de um tempo". Período 2002-2008