As Chapadas sob o olhar da preservação - Poema da Denúncia
O reduto é o indulto conservado
de deixar nascer sem precisar plantar
vão produzir batatas noutro lugar
pois o meu lugar só é preciso respeitar.
Não transformar tudo num rio Subaé
na costa de Magé ou no rio Tietê
quem pagar pra ver pode não ver
e o que vai acontecer
se a Cachoeira da Fumaça
de graça se transformar no mar de Cubatão?
Onde estão os que devem cuidar?
Os que vão pra lá vão para apreciar e respirar
e se recondicionar e se encontrar, se reencontrar,
eu sei onde estão.
Eu sou um deles.
Ela é uma delas.
A vida não é só panela, comida
a vida é pra ser vivida, sentida
como se sente do alto da Chapada
mas lá embaixo pessoas
precisam da sua bio-diversidade
pois a saudade de não mais se ter
o que se tinha
é tão velho quanto matar um índio.
E nos perguntamos:
tem necessidade
o invasor
de exterminar
o antigo morador
e até a terra
onde ele morou?
Olhem mais
pelas Chapadas
e para os Chapadões
pois até os perdões
sofrem com as extinções.
...À Chapada
Diamantina, dos Guimarães ou dos Viadeiros.
À vida
e para Marina,
Roberto
e outros tantos naturalistas
e sonhadores
e para que deixem de herança
a esperança
para alguém.