Há uma luz na escuridão

Vago como vaga vagueia o vaga-lume...

Que no escuro ilumina este fosco chão...

E que no açoite frio e vil desta noite,

Ou no adeus de quem quer que fosse,

Da comida salgada, insossa ou doce...

Aprendeu com a vida e com a desilusão.

Vago como vaga um vagão de um trem,

Que de tão vago já não sabe se vai ou se vem,

Que por entre as matas e o cerrado

Ou na fome estampada no vazio do prato

Não se esconde mais nenhum desabafo...

Seja de mim, de você e de seu ninguém.

Vago a procura insana de qualquer vaga,

De um lugar ao sol, na mesa ou na calçada,

De um povo que vive de circo, de pão e água...

De um poder que, às vezes, não vale um vintém.

Vago porque acreditarei sempre em Deus...

Não na “autoridade” que maltrata os seus,

Que de tão hipócrita, mas parece um fariseu...

Matando uma nação como se fosse um Zé ninguém.