SÓ HOJE
Motivos vários, talvez muitos,
contribuem para que eu me sinta,
hoje...
PEQUENA qual filhote de lebiste,
mas sabendo inda posso agigantar-me
e passear nas nuvens.
ENCOLHIDA qual bebê em útero,
porém com forças para arremessar-me,
rasgar o véu de trevas
e levitar banhada em luz.
MUDA como corda de violão partida,
mas com a esperança de que
brados de paz,
palavras de força,
canções alegres e
sussurros de amor
ainda estão por se emitir.
CEGA, porque cansados olhos
não querem fitar além do coração,
onde alamedas retas e floridas
levar-me-iam a sólidos abrigos.
Deixa-me então,
só hoje,
PEQUENA, ENCOLHIDA, MUDA E CEGA,
com os olhos só da alma
e o calor do romantismo,
entregar-me à calma inebriante
deste lindo início de outono.
Amanhã, lavada com esta paz,
cantarei, amarei,
a levitar caminharei nas nuvens
e encontrarei, por certo,
o verdadeiro abrigo.
(Fotos:- Na primeira, registrei uma das mais simples, ignorada e espesinhada flor dentre todas que conheço. Talvez, ao escrever o poema acima (décadas atrás) eu me sentisse igual. Por achar que estivesse também roxa de saudade, rs, uso a segunda foto. De ambas as flores eu desconheço o nome, mas aceito a
informação de quem os saiba.)
informação de quem os saiba.)