Outono

Como árvore em dias de outono

Estou perdendo parte de mim

É uma dor sem nome, que me tira as palavras

Pra somente sentir

Nessa angústia de árvore fico

Sob um sol, cuja fúria não se aplaca

Inerte como um prisioneiro maldito

Penso em folhas e flores rompendo essa casca

Como árvore em dias de outono

O vento, nesse tempo não conhece a compaixão

Arremessa-me com fúria, quer tudo de mim

Histórias e memórias velhas viajam no firmamento até cair

Em meio a essa dor, ainda luto

Um moribundo na insistência de não perecer

Mas há um sol que ainda não vi

O desejo de vê-lo me convence a morrer

Como árvore em dias de outono

Estou nua sob o céu turquesa

Despojada de tudo que parecia beleza

Sinto a chuva me tocar nessa espera

Brotam-me folhas, abrem-se flores: é primavera!

Susana Torres
Enviado por Susana Torres em 25/09/2012
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