O Sentimento

Que sentimento nos vem abraçar

Quando tudo que um dia era sonho

Tornou-se então a realidade

E ela é amarga

E ela é uma mentira

Contada à nossa esperança

Que aguardava quieta e ansiosa

Onde mora o começo de tudo

que chora

Não foi azar ou erro de cálculo

Mas o impossível cultivado

O impossivelmente real

Longamente aguardado

Desde que me conheço

E desde que conheço as coisas

Tudo foi mentira; tudo.

Tudo foi encenação

Que se pensava preparação

De tão estupendo que sonhava

Tudo aquilo que haveria de vir

E tornar a vida plena e calma

Mas ah!... a biologia

Estaria de folga neste dia?

Eu, chafurdando num ritual do trivial

Num requinte social-bestial-distal?

Conto-me a mentira da historia da vida

E refaço o espaço onde a vida respira

Mas que pranto seco me desce à garganta

Quando dou por isso e me quedo

Pasmo e perplexo de tudo

De tudo que nunca será

Que nunca foi

E nem mesmo pode-se tentar

não porque não sou nada

mas não aprendi a fingir

não tanto assim

não para mim...

Nem mesmo se perder

E num delírio repintar o sonho

da vida

Pois que nada novo nela se afixa

Já não creio em meios de viver o que esperava

Toda minha vida foi um erro porque sonhei

Sim: porque sonhei em vez de enxergar

Agora trago a ferro e fogo no peito

seu sonho é sua sina

É a miséria de ser um tolo porque tudo é tolice

E não poder saltar fora disso..... fora do quê?

Inda se pudesse, saltaria atrás dum sentido

E o único sentido seria no salto:

Ser tolo em solidão

Qual sentimento nos vem abraçar

Quando todas as vozes invadem-nos a mente

Miram nossa alma e em coro clamam: não.

(Poesia feita por: Murilo de Francisco)

Jheni Bento
Enviado por Jheni Bento em 19/10/2008
Código do texto: T1236617
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