Sem título de honra

Gastei minhas solas

Viajando sem olhar pra trás

Enquanto a vaca é vaca

Eu poderia fazer sombra.

Posso acompanhar

O sol e ao meio dia

Tirar-lhe o pelo dos dentes

E atropelar seu sono

Minha coragem foi embora

Coberta de acordos

Uma assinatura apenas

Agora a luz apaga tarde

Não tenho sono

Estou acordado há horas

O cobertor me espeta frio

Deparei-me sem surpresa

Com a sonolência branda

A cor do meu álbum duplo

É ainda dos 70

E nossos caminhos são outros.

A coragem da revolução

Não tem o mesmo ímpeto

Os donos do poder são outros

Com erros iguais.

A conta está mais alta

É preciso um banco pra pagar

O dinheiro foi jogado fora

Com juros afogadissos.

Meu coração não sei se reparou

É uma bolha de sabão

Basta um sopro brando

Para arrancár-lhe a vida

Meu endereço está no google mapa

Não é difícil achar

Mas ao chegar não buzine

Grite meu nome e o seu.

Finda a terceira guerra

Quase todos sucumbiram

E eu aqui no pós apocalipse

Segundo João.

Esperando ainda uma boa nova

Pois da primeira não entendi o tema

A agua cobriu a casa e molhou

O significado e a razão

Frio comida

Rio sem lama

As pedras falam por aqui

E as paredes clamam.

Rio comida

Frio sem cama

As pedras rolam por aqui

E as paredes tem ouvidos.

Pássaros caem sem vida

Do céu noturno

Gritam volatilidades

Cântaros se derramam

Não há mais luz ali

No fim do túnel

Quis saber da onda do Japão

Tudo radioativo.

O Godzila passou rasgando o peito

E a mesma vaca voou

Sabendo com quem sonhou

Há uma independência conflitante.

O nono planeta exibe o caos

Suas luas não tem côres

Sou o galho seco apalpando flores

Que da memória rejeitam a fuga

Sou teu karma

O príncipe rebelde fere à lança

Que não alcança a guerra

Falecendo a mingua

Se você quiser saber a cor do céu noturno

Ligue a lanterna à laser

Ou acenda a fogueira

À beira da sua ignorância tudo é pedra

Tudo é nada tudo desanda

Toda folhagem

Toda Amazônia

Toda cor folclórica todo índio nu.

Tudo é nada tudo desanda

Toda folhagem seca

Toda Amazônia em cinzas

Toda cor folclórica todo índio morto

Por conta de quem explorou

Alguém que não se importou

Pelo ouro pela terra matou

Pela morte sem razão votou.

Venho andando sozinho desde então

Carregando o saldo maldito

Daquele que viveu aflito

Entre o mar e o jacaré.

Verde e amarelo céu azul

Pela ordem morrem

Pelo progresso sonham

Pelo medo vivem, pela morte somem

Guedes

Guedesharasmar@gmail.com

Geraldo Guedes Cardoso
Enviado por Geraldo Guedes Cardoso em 04/05/2024
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