Escrever poesia é uma das estupidezes que os mais estúpidos inventaram.

Escrever poesia é uma das estupidezes que os mais estúpidos inventaram.

Por isso há tantos que riem das poesias,

Porque não há nada mais risível do que pôr lirismo nas angústias cotidianas.

Não há nada mais estúpido e odiável que um poeta.

Escrever sobre uma amada que já partiu sem dar adeus,

Ou escrever sobre outra pelo simples fato de ser amada,

Ou sobre outra de quem se pode amar apenas potencialmente,

Ou sobre aquele vago ideal que nunca se transfiguraria em amor,

Tudo isto é de uma estupidez maçante.

O erotismo é uma ânsia desocupada.

Escrever então sobre a dor?

O que o poeta sabe sobre dor, mais do que o homem que perdeu o primogênito?

Ou mais do que aqueles com doenças terminais,

Esses que têm os dias contados,

Do mesmo modo que todos os outros também têm,

Mas a consciência disto é uma dor suprema…

Escrever sobre a angústia e os maus sentimentos?

Há trilhões de almas no inferno que compreendem isto melhor.

Escrever sobre alegria?

Quem sabe mais disso que São Francisco, poeta não odiável, que agora contempla a Deus?

Não há nada mais estúpido que a poesia,

E todos que se riem da poesia,

Todos que se riem dos poetas,

Todos esses têm razão.