Queimando livros.

Em brasas dançantes de um livro em chamas,

Agora não viro as folhas, percebo que clamas.

A obra de ontem, que o tempo consome,

Transforma-se em cinza, renova seu nome.

A chama devora palavras com fogo,

Não há mais retorno, nem um breve jogo.

O passado em chamas, alimento de faísca,

Libertando memórias, numa dança arisca.

O livro queima, o saber que se esvai,

Cada página ardendo, um adeus que se trai.

O fogo zombando do medo da escuridão,

Enquanto consome a antiga lição.

Em cada cinza que voa, um novo começo,

No crepitar das chamas, um sussurro espesso.

De que agora a vida não pede permissão,

Nasce de brasas, uma nova visão.

O calor que consome o papel e a tinta,

É o mesmo que forja a jornada extinta.

O saber que se perde, o novo que advém,

Agora não viro mais páginas, sou refém

De um futuro radiante, a incógnita me provoca,

Enquanto o passado em chamas, lentamente se evapora.

Não mais preso às letras, à história que finda,

Agora escrevo a minha, na tela ainda infinda.

Autor: Eugênio Gomes Jorge.

Jorge sedução
Enviado por Jorge sedução em 18/02/2024
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