Terminal

Hoje ando meio perdido, quase esquecido

Sem poder ficar, sem querer partir

Sinto-me de mãos atadas, sem poder fugir.

Hoje a esperança está dispersa, desilusão doída!

Ó, tempo que se esvai em todos os sentidos

É a morte, é a vida, é a sorte.

Antes tão garrido, o coração lesado agoniza.

Hoje sou passageiro quase passivo

Corpo febril, decadente e finito.

Ah! O nada me apavora como ave agourenta.

Hoje acordei suando frio

Sentindo o peso de um vazio:

Ora, nada fiz pra merecer o mal

Nada realizei pra colher o bem.

Os meus amores foram egoístas

E as dores? Sempre reprimidas.

Céu, Inferno ou Purgatório?

Regiões de sombra ou de ócio?

Ou quiçá mergulhar no nada de uma nula existência?

Talvez seja digno da Sua piedade, ó Deus,

quando afinal findam meus dias sobre a Terra,

eu que como homem, agora o sei, fui verme.