Desafortunada

Sou a bruxa que não vingou,

Que muito maldisse,

Desejou o que não teve

Convencida de suas crendices,

Velando de olhos bem abertos

As esperanças mortas

Dos sonhos malogrados.

Rezou ao alto sem ser ouvida.

Disposta, acendeu fogueiras

Para seu destino aquecer,

Assombrando a si mesma,

Sobrevivendo ao amanhã

Quando pelo futuro desenganada.

Tentando seguir estrelas,

Sobe o mais alto que consegue

Possuída pela necessidade

Em retomar a promessa

Da metade perdida

Que, sem alcançar, persegue.

Ungida pelo fado do infortúnio,

Perdida por onde for,

Sai estrada a fora

Sem saber enxergar belezas

Quando o céu muda de cor.

 

 

Roseli Schutel
Enviado por Roseli Schutel em 04/04/2022
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