O ESPANTALHO

Sou espantalho

Afugentando a tristeza

Braços abertos ao sol

Estático e inócuo.

Também na noite pálida,

Abrigo desencontros.

Sou refúgio do desalento,

Cumplice cego do silêncio.

Encerra em meus lábios

O pranto de eras.

Aleluias imemoriais

de palavras desnecessárias.

Testemunho descrente

a apatia lunar.

Minha ultima tristeza

esquecera de mim.

Em vigilia vigio

os sentidos

cinco, dez, vários

Feixe de palhas ao vento.

Junto com meus ossos-folha

Velamos a noite.

Como rosa dos ventos,

Mastigo todas as direções.

Passáro leve

Pousado em meu ombro,

Asas partidas por

Não saber onde ir.

Bate asas também dentro de mim,

O querer voar, enfim,

Nem trabalho nem sonho,

Apenas, sina de espantalho.

T@CITO/XANADU

Paulo Tácito
Enviado por Paulo Tácito em 02/06/2020
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