ORAÇÃO

Na noite me imagino lembrado

abro a janela do meu quarto e,

digo aos que podem ouvir:

-Remember!

-Remember!

Senti-me livre, e uma vez livre

crispei o silencio da noite

com a palavra impura

um grito de carne.

Ouvi alguém:

- Estás ébrio e triste?

Porque não choras de amor?

Não chorei...

Mas, foi como se alguém orvalhado escrevesse:

O amor que não acaba sempre cresce.

Procuro dormir!

Busco veneno,

quando a orar,

grande, a beleza que nos corrompe,

se ascendo a boca nas orações:

- Ave Maria...

(Maria onde estarás?)

...Cheia de graça

(graça,beleza, encanto)

...o Senhor é convosco...

(o "senhor" será que está lhe torturando sob os lençóis?

Pauto de medo,puto de luz!)

...Bem dita sois vós entre as mulheres...

(Je suis le femme)

Lembro-me então do marzinho quase morno que foi surgindo

no canto dos teus olhos,e teus olhos se haviam posto na linha distante

como se quisessem descobrir o para lá!

- Onde estava mesmo?

Ah! ...Bem dito é o fruto do vosso ventre...

(eu diria os frutos).

Ouço flautas!

sinto um gosto amargo...

adormeço e sonho,

sonho comum.

Sonho que também dormes.

Sonho de uma Deusa adolescente depois da morte...

RÉQUIEM AETERNA DONA EIS - (Dai-lhe o repouso eterno)

(Antes que a vida se transforme na fumaça dos corpos abrasados.)

T@CITO/XANADU

Paulo Tácito
Enviado por Paulo Tácito em 28/03/2020
Código do texto: T6899200
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