O NAVIO DA ILUSÃO

Soltaram as cordas, levantaram a âncora

O apito soou como uma palavra de adeus

E o imponente e bonito monstro marinho

Que ia ficar mais uma vez pequenininho

Afastava-se lentamente do cais

E por mais uma vez eu chorava

A partida de alguém que não ia

Mas do jeito que veio partiu um dia

Transformando-me a felicidade curta

Em longa infelicidade e agonia

E hoje também pudera

Depois de tanto alimentar a tua espera

Tropecei, caí e não levantei e do cais

Ladra e prostituta me tornei

Senti meus pés tocarem o fundo do poço

E com meu vestido há muito roto

Deixando a vida cravar suas marcas em meu rosto

Mendiga do cais me revelei

E assim vegeto da caridade

Vinte cinco é a minha idade

Tendo dez de decepção

E lá vem ele de novo

De volta ao ancoradouro

É o navio da ilusão.

Alvesombrinha
Enviado por Alvesombrinha em 07/04/2019
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