Passado. Presente... Futuro? (ótica depressiva)

Agora porque peço silêncio

Não pense que vou morrer

Se passa comigo o contrário

Sucede que vou viver.

(Pablo Neruda).

Entre o que fui e o que sou

Existe um passado, um caminho

Não sei se cheio, ou vazio.

Se enumero a dor e a tristeza, ou a saudade do que não existiu.

Caminho pavimentado, de sonhos que não se cumpriu

De alguns ocultos desejos, solidão que me perseguiu.

Entre o que fui e o que sou

Tão longa caminhada percorri, que tento buscar na lembrança

A vida que nunca vivi.

Nelas não encontro os amigos, nem sei se os tive um dia

Não encontro seus beijos, saber o sabor que tinha

Já não encontro o afago, o abraço que me comovia

E não encontro a palavra, a extensão de que me compreendia.

Tantas são coisas perdidas

As lembranças só mais uma delas

Olhei no passado o futuro

E o presente hoje me desespera

Quantas foram às conversas que nunca consegui ter

Quantas não foram às farras, noitadas e amores prefiro esquecer.

Entre o que fui e o que sou

Nem sei se fui ou quis ser

Se lamento o passado perdido, ou o futuro que posso perder

Terei novamente a chance de voltar a ser o que era?

Terei essa chance em vida, ou a morte a mim já espera?

Não existe caminho, nem esperança

A dor é um vazio sem fim

Existe somente o presente

Ausência de felicidade e de mim

Entre o que fui e o que sou

Peço a chance de me proteger

Entre o que sou e o que poderia ser

Talvez o tempo me possa dizer.