Silêncio

De mim restaram apenas algumas notas desafinadas

(em um violão empenado jogado num canto da sala),

Uns rascunhos incompreensíveis,

E uma borra de café seca no fundo de uma caneca.

Interessante é não saber quando foi o fim.

Porque, no final, é tudo como se abaixassem o volume

E de repente é o silêncio que te acorda de um pesadelo.

Jogando-o, às vezes, num sonho pior ainda.

Parece a morte, mas não é morrer,

Pois há no frio do nada alguma fagulha cálida

Que o faz caminhar firme, contudo, cabisbaixo.

Administrando em cada passo doses de ódio e desprezo.

De mim restaram poucos cacos, incontáveis gritos,

Lágrimas secas,

E uma dor latejante, porém emudecida.

Calada no mais profundo de tudo que fui um dia.

R.W

Renato W Lima
Enviado por Renato W Lima em 20/06/2017
Código do texto: T6032194
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