Melancólica

Sentada sobre a cama ainda desfeita.

Teu olhar é um extremo vazio.

Os cabelos e as unhas descoloridos.

A murmurar cruéis palavras suspeitas.

Seu batom num lábio desvanecia.

Sorriam-lhe todos os espelhos.

Entre luzes e sombras erradias.

A refletir sua pele empalidecida.

Uns dizem que ela quis atravessar

A pé a estrada cheia de bichos

Não se pode esperar demais do paraíso.

Se o tempo é sucessão e essa é a mudança.

Por isso a eternidade mexe tanto com os calendários da paixão.

Do enevoado céu impenetrável, seus olhos úmidos contemplam o azul.

Será que esse menino de ar solene

Sabe algo do desastre dessa noite?

Aqui sigo descalça, mas vestida.

O renascer de uma flor no Jardim.

Guardo os versos de Shakespeare na estante

Mas ainda não é a hora de dormir

Bruno Aleçon França
Enviado por Bruno Aleçon França em 11/01/2017
Reeditado em 11/01/2017
Código do texto: T5879060
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