Escapatória
Quando me obrigas a permanecer nesse
Coração gelado, minhas mãos tremem tal qual
Os abalos sísmicos letais e intensos em Valdivia.
Meus olhos se abrem e ver todo o desastres que me causou.
Parte de mim quer ficar, outra parte quer reconstruir
Esse centro.
Talvez viaje para onde eu não fique
Entre as placas tectônicas rachadas do amor.
Talvez permaneça, talvez morra de amores,
De dores até que vire desapego.
Ou apareça nua nas estradas cruas do oriente,
A perder cabelos, ossos, carne e pó, ainda com marcas
E feridas expostas, mas viva!
Viva, por que sei que goles de cachaça
Não apagarão o que passou, mas aliviará o que ficou.
Amanhã? Acordo no banheiro dando
Descarga no que a cachaça deixou, limpando o chão desse vaso que é o meu coração imundo o qual deixei você entrar.
Tiro a poeira dos móveis, ainda de ressaca e as pernas bambas, mas hoje é outro dia e deixo o sol bater, arder, brilhar.