Máscaras

O que foi visto ontem, se repete neste instante e amanhã novamente.

Em poucas horas, tudo o que se construiu irá se desmanchar. São palavras ao vento, incertezas excomungadas, atitudes irracionais. Tudo para construir está fachada. Mas bastam algumas horas, e tudo desaparece.

Sentado em meio a confortante solidão desta noite, aprecio cada segundo enquanto remonto seus devaneios. Cada mentira, cada golpe, cada ilusão agora são peças da minha coleção. E admiro-as, da mesma forma com que aprecio tamanho esforço em esconder-se.

Bastaram algumas horas, e todo seu jardim apodreceu. Foi fácil desvendar o que se escondia por trás das máscaras. De uma simplicidade agonizante e um descuido imoral, seu falso império foi derrubado sem esforço algum. Todas as palavras, atitudes e pedidos visando sempre si mesma e nada mais. Tão fácil foi enxergar tua alma, que já interpretei-a e conheço-a como a palma de minha mão.

E agora aqui, olhando para os céus, peço em silêncio ao destino que te tire desta enfermidade que tu chama de vida. Não, não lhe peço morte. Peço salvação. Visto a sua máscara, e absorvo esta experiência enquanto, em tristeza, aguardo que faça o mesmo.

Carlos Knoll
Enviado por Carlos Knoll em 07/05/2016
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