Te observo pela persiana
Passo as tardes esgueirando meu olhar pela persiana,
Buscando quem sabe um sinal, outro olhar, não sei o que...
Buscando decorar as linhas confusas de imagem humana,
Os passos desajeitados, aquele sorriso sem ter um por que.
Aqui, do meu lado é escuro, é cinza e até um pouco frio.
Aqui não tem sol, então preciso abrir as janelas, mas calo.
Porque e se me vissem? Restaria o nada dentro do vazio.
Resguardo-me atrás dos vidros, sonho e então nada falo.
Essa figura não me escolhe, mas me procura pelo corredor.
Me busca quando sente minha presença, assim, sem motivo.
Olha-me nos olhos e estuda minha íris e nem vê minha dor.
Parece que espera que eu fale algo. Eu finjo que ainda vivo.
Chega e bagunça meu silencio, sacode minha escuridão.
Expondo meus olhos à luz, cegando meus pensamentos.
Então se vai. Fecho a janela, entreabro a persiana e olho.
Se foi. Deixando nova cicatriz ao sempre calejado coração.
11/11/15
*Valente como um leão.