COMEÇO
No romance só deveria existir o começo...Ah! Como é bom!
Tudo é doce! nos lambuzamos e nos fartamos na “lua-de-mel”.
No começo é só alegria, contentamento, prazer e encantamento. Corremos todos os riscos, sem medos, sem freios.
O coração pulsa num ritmo frenético e descompassado, mas que importa, a gente sabe que não vai enfartar, pois temos o diagnóstico preciso: paixão!
Quem ousa contrariar este sentimento avassalador que move engrenagens e (des) controla a vida.
Como é bom experimentar este êxtase e levitar de prazer.
Tudo é divino, místico. Ah! Como é saboroso as delícias na gênese do amor.
Seu príncipe, outrora encantado, agora é real.
virtualmente gentil, atencioso, carinhoso, galanteador, cobre-lhe de afeto e elogios, você se sente a princesa do conto de fadas.
E assim, sem varinhas de condão para congelar o tempo e eternizar o princípio da magia, assistimos passíveis o decorrer das outras fases de um relacionamento a dois.
Constatamos impotentes que o relógio não descansa.
Depois do começo, inevitavelmente, vem o meio (recheado de tédio) e o fim.
Final quase sempre infeliz, às vezes, trágico, quase nunca amigável.
Os processos que sucedem o início de uma relação são temerariamente oxidantes, envelhecem a pele, que por sua vez, danificam a leveza da alma: vítima da frieza imposta pela insípida rotina.
O toque se torna escasso.
O calor se evapora.
A distância entre os corpos contraria a lei da atração.
Os desejos do casal são retas paralelas que não se interceptam.
O sexo esvaece sob os lençóis: testemunhas silenciosas de angústias não compartilhadas. Sentimentos envenenados com lágrimas amargas sob o auspício da lua- de - fel.
Precipício...