Estranha inquietude

Como nos contos um amor surgiu,

transcendeu minh'alma, tirou-me fardos,

colocou em alto cume um mero sonhador!

Deu-me alcunhas carinhosas,

enche-me os olhos de alegria.

És conto? Estás instalado em mim ...

Perduram incertezas ao sonhador,

e aos poucos minha carne treme,

falta-me apetite, rouba-me sonhos

e sonos em noites tristes!

Sonhador triste, pelos fatos não narrados

e por expressões tão vagas!

Alivia-me dores em dia de trabalho

e espanca-me ao sol, no meu descanso matinal.

Como num conto mal feito,

ao ser que deseja não cabe outra vida

pois precisa ser tão hostilmente ferido

ao som das incertezas.

Um dia, pelas tentativas

e duradoura forma pertinaz,

meus desejos e vida serão amadurecidos ...

Não consigo ainda dizer adeus

pois creio nos contos mal falados,

minha carne trêmula e meu apetite

em vagas horas saciam-me,

alimentam minhas crendices.

Tenho medo de cair-me no opróbrio

e jamais retornar aos mesmos sonhos de criança.

Nefasto homem em mim despertou,

Quantos lamentos meus!

Sonhos que não pedi,

como castigo me deste a vida,

ao caçador de homens, sem armas,

triste, faminto e contínuo desejo!

Queria eu acordar e fazer de tal conto

o mais lindo dos contos,

mas os medos que me rondam não desgrudam...

São alicerces arquitetados na areia da vida,

aos quais tais homens chamam de amor!

Daniel Cezário
Enviado por Daniel Cezário em 17/09/2014
Reeditado em 17/09/2014
Código do texto: T4964926
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