Destino solitário.

Como as espumas do mar,

Que se desfaz na areia da praia,

Como as gotas de chuva,

Que tragadas pelo solo sedento,

Como as águas cristalinas de um lago,

Que precipitam para o céu,

Como o amor que outrora viveu em seu peito,

E hoje não ilumina mais seu olhar,

Como a taça de vinho, caída sobre a mesa,

Manchando a toalha branca,

Como a solidão do corpo, que esvazia a alma,

Como o tempo vivido, na vida por vir, o medo do fim,

Como a poesia recitada,

Em noite serena enluarada, de frente á sua sacada,

Como um errante, um cavaleiro cambaleante,

Um guerreiro vencido,

Que vê nos olhos de seu algoz seu trágico destino,

Eu me vou, vou-me desfazer nas brumas,

Ser tragado pelo solo, precipitar para as nuvens,

Fechar os olhos para o amor, sangrar em vão,

Vagar pelo limbo, sair desta vida,

Recitando poesias, sobre o luar,

Render-me ao inimigo, aceitar minha condição,

De viver, o que resta de minha vida na solidão.