Omissões do Planalto Central

O punhal do abandono furou os meus olhos

e rolaram lágrimas só de sangue

e no mangue siris devoravam um corpo

e eu também me senti morto, só que por dentro.

Quanto vale uma vida?

Um celular,

um par de tênis,

um pênis,

uma vagina.

Quanto vale a vida?

Uma menina,

uma esquina,

a cocaína,

um assalto e um estupro.

Quanto valia aquela vida?

Seus pais,

não mais,

nunca mais paz

e o que se faz?

Quanto valerão, agora, essas vidas?

Bola na escola,

bala na escola,

picolé,

papelote.

Para onde irão essas vidas?

Recesso no Congresso,

fraudes nos ingressos,

país de protestos

e de muitos protestantes ateus.

Para onde irão nossas vidas?

Revoltas, reviravoltas,

que nada!

Somos pobres almas abandonadas,

vítimas das inquietas almas penadas.

Até quando em nossas vidas?

Instituto Butantan,

répteis peçonhentos

e lamentamos a cada eleição

quando apertamos as mãos do ESCORPIÃO.

São lições do Planalto Central.