O Choro da Esperança

"A cerejeira está apodrecendo

nas lembranças de tudo o que foi bom

e pereceu com o tempo.

Meu sexo rubro é como o fruto:

cereja doce

mas que foi mal colhida

(por quem não merecia?).

Meu sexo agora é triste

tímido e cansado.

Conseguiram tomar de mim o que de

mais espontâneo e vivo eu tinha!

Três dias atrás e eu estava

sem caber em mim,

imersa em felicidade por te fazer feliz.

Mas três dias também são suficientes

para perceber que amizade

se não coexiste, não existe.

Três pessoas foram suficientes

para a paixão alfinetar

e amargar meus lábios.

Três pessoas atrás

e eu amava sem saber amar.

Três pessoas adiante...

Eu só sei do meu cansaço.

Não estou interessada

em novos relacionamentos.

A amizade que eu achei

não me é amiga.

Outrora eu bem poderia me doar

(como mesmo doída, me doei.)

Agora, como sempre

de mim vou cuidar sozinha.

Sou boa nisso...

e trouxe comigo as palavras,

a música e os livros.

Da próxima guardarei melhor as sementes

as flores, e o fruto.

As árvores... inteiras.

Ou deixarei que as estações levem as folhas,

as flores.

É verão agora, mas dentro de mim

o outono já chegou.

"O calor infernal nessa cidade

faz a cola dos laços mais fracos soltar"

algo assim, uma poeta já dizia.

É verão, mas dentro de mim

há um frio que traz uma nova morte

diferente, dolorosa, consciente."

"Vai passar..." - diz o tempo,

consolando a esperança.

Alecrim Cristal
Enviado por Alecrim Cristal em 21/01/2014
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