Tempo 



Não quero mais contar o tempo
- até por que não tem jeito -
esse ditador, tirano, arbitrário
que me enche de imaginação na infância
que me enche de sonhos na juventude
que me enche de razão na boa idade
que me abandona na ilusão da velhice...

Vou ser indiferente ao tempo
se ele teima em seguir uma linha
- que siga!
se ele carrega todos para o fim absoluto
- que carregue!
Eis a minha revolução: A indiferença.

Não quero mais comemorar aniversários,
pois não suporto seu risinho irônico.
Não quero mais comemorar ano novo,
pois não suporto o rasgar calendários.
Não lembrarei mais do passado...
Serei indiferente ao presente...
Nem desejarei o futuro...

Nulo. Serei uma nulidade. Um nada.
Porque me anulando, anulo o tempo.
E tempo nulo é nada. É sem sentido...

Venha agora, seu tolo fragmentador de vidas!
Venha agora, seu ocioso colecionador de dias!
Venha, leva esse nada... Leva esse não ser...
Arrasa com tudo, seu invejoso!
Rodiney da Silva
Enviado por Rodiney da Silva em 01/12/2006
Código do texto: T306259
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