o olho turvo

Da janela olha-se em colisão,

partes que se repartem

e em mil partes, desandam

cancelado o socorro e o ritmo impresso,

aflui as necessidades para si,

em segundos, em pausas,

fugas, flagras

retornos,

Gentes,

que passam

ao longo de,

informação,

de medos, cóleras

que explodem em surtos

diários, relampejos de raiva

convulsões comportadas

Logo, regride o som

o som regride

deveras cansado,

tanto quanto estes ouvidos

que nascem cada manhã

reverberando o som do próprio corpo

que insano se levanta,

em busca de pedaços

somente pedaços

Uma caneca exposta,

água fria, que perde o frescor

causa: a demora em ser consumida!

como se d’antes tivesse sede,

agora um artigo bruto

que rabisco com os meus sentidos;

Em folha solta de papel

em lembranças pervertidas,

na ausência de crença

e pra esta mesma senhora

ando descrido,

e ainda rabisco

na argüição

das gentes destemidas

que sabem, tudo sabem

comprovam

silenciam

Operetas, oportunistas; braços dados

se há um espaço, talentos são apostados.

E toda essa gente,

que se enamora

no ato vil

que entrega a garganta

pra ser apunhalada e sorvida,

pede meu olho

meu ouvido,

já não vejo bem

só me restam chiados

que entre arrepios de medo,

ninguém faz caso

Márcio Diniz
Enviado por Márcio Diniz em 18/02/2011
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