Preta Velha

Na cadeira do alpendre da casa da fazenda,

a preta velha bafora, fumando sua diamba,

gesticula com as mãos, qual se fizesse renda,

batuca com os pés, como dançasse um samba.

E numa baforada, preguiçosa e lenta,

a fumaça se eleva, vaporosa, quase falsa,

mexe as mãos como cozinhasse uma polenta,

arrasta os pés qual se embalasse numa valsa.

Depois se deixa inerte, na cadeira estendida,

a cabeça pendida por sobre os ombros caídos,

não mais agita as mãos, que já quase sem vida,

nem movimenta os pés, já tão emurchecidos...

E assim ela espera, nessa letargia bamba,

por aquela que enfim a levará de sua cadeira,

baforando, abandonada, e feliz, a sua diamba,

socada no fundo de um cachimbo de madeira...

Aleki Zalex
Enviado por Aleki Zalex em 27/09/2010
Reeditado em 26/05/2016
Código do texto: T2522720
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