Poema de escárnio a Helena

 

Mulher de seiva bruta e venenosa

Embora perfumosa d ‘alfazema

És uma flor alva e desonrosa

De vis sorrisos e alcunha de Helena

 

Riu-se ela de meu ser, outrora

Que a flor de meu jardim fora Açucena

Que esta canção de melodia impiedosa

Seja o punhal que te rasura em meus poemas

 

Caiam todas tuas pétalas mentirosas

E nunca tenha a cor carmim Rosa-Morena

Aquela que exaltei Maria-Formosa

Aos pés da Santa Cruz, a Madalena

 

Os tristes ais que da sacada a atriz encena

Falso teatro à luz da lua milagrosa

Do bosque das nozes, já sem pena

Uma plateia de esquilos foi-se embora

 

Sozinha na escuridão está Helena

De tão vazia, no vazio se demora

A noite e a lua vão-se tristes e serenas

E feito lágrima, a estrela cadente, chora

 

 

 

MARCANTE, Alexandre.

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Alexandre Marcante
Enviado por Alexandre Marcante em 27/04/2024
Código do texto: T8051214
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