Sem título

Me chame pelo meu nome

Como um completo estranho

Não bagunce o meu cabelo

Não tire o meu batom

Você nem gosta de vermelho

Não fite os meus olhos como que os lê

Sabidamente, as poesias não te cativam

E meus olhos são doces antologias

Devolva-me os domingos de sol

Os dias frios, os nublados

Deixa-me me ser de todas as estações

A que eu queira

Não cabem em ti as minhas oscilações

Tira-me, do teu bolso, inteira

Devolva-me, enfim

Porque me roubaste

Num dia qualquer de janeiro

E anseio tanto por mim

Como o teu anseio de ontem

Quando me querias, sem freio

No teu abraço, debaixo do chuveiro

Entrega-me o viço usurpado

Os beijos que me foram tomados

E todas as noites em claro

Leva contigo a liquidez do teu querer

Teu toque, minhas memórias

Quero ser vazia de ti, das tuas rasuras

Deixa-me ser só

Tão só um livro em branco.

Acarla
Enviado por Acarla em 17/04/2024
Reeditado em 17/04/2024
Código do texto: T8043779
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