Do negrume à gangrena.

Nada há ante os teus olhos,
Apenas cores...
E superfícies que mal as refletem...
E forma alguma,
Nem de coração...
Nem de coração...

O fundo dos teus olhos 
Traduz o mais profundo abismo...
Onde se perde...
Com todas as asas...
Com todas as bússolas...
Com todos os sonhos...

Há nos teus olhos 
passagens perdidas,
Longínquas...
Angusturas...
Há em ti a beleza estranha do vazio...
O absurdo do tudo, em tudo negado...

Há em ti 
a frigidez de uma lápide,
A inscrição do fim... 
A lâmina da morte...
E o teu profundo corte, 
Sangrando em mim...

Tuas cruzes, teus anjos de mármores,
Imensos e assustadores...
Onde as pétalas de tuas fictícias flores,
Se espalham,
Onde, incrédulos, se encalham...
E em dores jazem, em paz, os amores...