ESCOMBRO DE FRACASSOS
Penso
Faz sentido
procurar o sentido
desse algo
chamado universo ?
Numa vida
que parece
um parto inverso
no avesso
de um começo
Quando o único sim
é o fim
Certeiro
no meio da alma
ceifando a vida
numa indesejada calma
Tenho pensado muito
no nada
Na ausência de tudo
no vácuo eterno
e no limbo inevitável
Às vezes
sinto algo estranho
talvez seja um eco
do passado
aquilo que os outros
chamam de felicidade
Sou mais a dor, o rancor
a angústia absoluta
e um sincero vazio
Não me esforço mais
em sorrisos forçados
Sou o que sou
um escombro de fracassos
largado num porão escuro
Não existem mais lágrimas
apenas a umidade do desamparo
Estou delirando
Sob efeito da droga
chamada eu
Em auto flagelo
chicoteio o que resta
de minha pobre estima
A mente vai ficando preguiçosa
e vai se encostando
nos cantos fáceis e empoeirados
dos clichês