RIO DA SAUDADE
Do teu amor
Nada restou
Nem a sobra de errante tempo...
Nem um rio largo,
Nem uma rede armada na saudade,
Ou uma canoa a vogar perdida
Nas águas de sonho.
Daquele amor
Que se mediu em rimas
Caídas das ramagens do caminho,
Condensadas pela visão
Sonolenta
do cair da tarde,
Nada restou.
Nada restou do teu amor,
Nem o minuto impreciso da alegria,
Nem o colorido indistinto da paisagem,
Nem o vento travesso que brincava nos teus olhos...
Nada ficou em mim...
Além da corrosão tacanha
De um coração partido.