Alquimia
Em noites vãs questiono
Minha efêmera existência
Tenho lapsos de memória
E já não sinto sua presença
Permiti-lhe retirar
As grades do meu coração
Transbordei em sentimentos
Sinto no sangue ebulição
Cada célula do meu ser
Atingia as mais altas temperaturas
Então eu já não tinha alma
Pois esta, por estar em suas mãos
Esta já lhe pertencia.
Fez-me um cálice a transbordar
As mais doces essências
Sorveu-me com luxúria
Não satisfeita, e com crueldade
Passou de ensaísta à manipuladora
Brincando com alquimia
Ciência bela, perigosa e rara
Perdeu o controle
Levando-me às raias da loucura
Usou-me em ensaios febris
Errou no toque e na mistura
Incauta, deixou escapar essências
Como resultado, nossas almas
Não coadunam mais
Calor, energia e efervescência
Montteiros Dalton