A Divina Tragédia no Inferno dos Imbecis

E ai de mim que, preso na lamúria

Casto, insondável infortúnio,

Vejo então a esperança que aturdia

Fixa em teu olhar diurno.

Ai de mim, pobre homem perdedor

Desço ao inferno, venço fogo, medo

E o hálito azedo do anjo sofredor

Para no final morrer em desmazelo

Terrível mestre sozinho

E sem amor.

Que vive moribundo no ninho

“Aninhado”, talvez, nos prelúdios da dor.

Mas que fiasco,

E eu aqui bancando o herói.

Sigo empunhando distorcida espada de papel

Que aos outros não fere e a mim destrói.

Maldito mocinho de cordel.

Eu que pensei ser Dante,

Fui ao âmago do etéreo causar o motim de dois mundos

Trazer de volta o que jamais fora adiante

Aquilo que havia perdido num instante

Último suspiro de seus lábios pálidos

Lamentações, devaneios...

Odiados, vis, certeiros.

Perambulam em meu cérebro carregando

O tesouro de mil contrabandos

Um par de olhos da cor de braseiros.

Ladra de Tinta Seca
Enviado por Ladra de Tinta Seca em 18/01/2016
Código do texto: T5515616
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.