Os Tristes Empecilhos
Quero entregar-me ao amor...O que me impede?
O orgulho,a vaidade,a covardia,a luxúria,
O julgamento, a ilusão,o rancor...Oh penúria
Viver a negar o afeto que povoa a vida
De entregas felizes e recompensas excelentes.
Ouço do amor expressões contundentes
Em minhas fibras docemente segredadas,
Falam de ternura,de brandura e perdão
E altruísmos,e chamas, e bondade,
Num dialeto a um tempo louco e são.
Mas entretido de quimeras caprichosas
Vivo , inconstante escravo de joguetes
Que bens me toldam de amadas prendas
Barrando-me a comoção no vivaz peito
De tal modo nego-me meu precioso amor.
Agem inscientes os homens por sua ruína!
Quantos castelos possíveis no erro amputados!
Quantos amores a beira do sim inascessiveis
Quando o egoísmo nos rege e confunde
Alegre com seu crime ocultado males.
Miseráveis astucias que nos mentem
Ganhos levianos a inteireza nos vulneram,
Boca rôta,aborto de falas claras.
O amor pode triunfar na alta revelação
E redimir todo erro... mas onde, e quando?