Viver de poesia
Lindo, no sentido literário,
mas no sentido ordinário,
de ordenar as contas,
criar e educar as crianças,
incentivando a ler e escrever,
mas ao mesmo tempo, ciente,
de que elas tenham o que comer.
Criamos fábulas,
nessa fabulosa fábrica,
de letras que ganham forma
e formar um adulto culto,
mas é preciso viver
e para crescer,
é preciso comer.
Vender um sonho,
quando ali do lado,
o açucarado, na padaria,
é muito mais desejado,
que os sonhos nas livrarias.
Mas nós não vamos desistir de nadar,
mesmo que contra a corrente.
A fome pode matar o homem,
mas a falta de cultura estagna quem não come
e o rio estagnado fica impossibilitado de se encontrar
com a imensidão do mar.
O sonhar pode estar numa página,
para o viajar, escolha as páginas.
Soletre, entre, penetre...
são crônicas, Mônicas, Emílias,
e muitas trilhas para a imaginação,
na literatura, na bravura,
dos poetas, escritores, embaixadores,
muitas das vezes,
por nenhum tostão.
Mas se é missão, é missão.
O pão vem do trigo e esse eu já colhi.