MONÓLOGO. 08. ( lamentos de um cearense ).

Há que tristeza me dá,

Quando olho meu torrão,

E a seca trincando o chão,

De meu velho Ceará!

Na terra seca,

Que mata nossa esperança,

E me faz vir a lembranças,

Os bons tempos de plantar!

Olho pro pasto,

Vendo a minguar o gado,

E o caboclo do cerrado,

Triste a se lamentar!

Pedindo a chuva,

Que venha sem mais demoras,

Vejo que passou da hora,

De nossa terra molhar!

Chora meus olhos,

Por essa seca marvada,

Que sem uma gota d’água,

Morre toda a criação!

Até os bichos,

Se afastaram um a um,

Nem o resistente anum,

Quer ficar no meu sertão!

Lembro o açude,

De minha pequena Uruoca,

Todos de sede sufoca,

Secando-se cada vez mais!

Pareço ver,

Como uma procissão,

As pessoas de meu sertão,

Clamando a pedir paz!

Mas quando lembro,

Dos políticos do nordeste,

Que brincando se divertem,

Com o dinheiro brasileiro!

E não se ver,

Pequeno projeto apenas,

Pra tentar mudar as cenas,

De tantos em desespero!

Por esses dias,

Por essa seca prolongada,

Multidões desesperadas,

Sem saber o que fazer!

Sem ter saída,

Vão à busca de socorro,

Ao debilitar-se o povo,

Pouco apouco a perecer!

Sem esperanças,

Pedem aos representantes,

Solução pelo agravante,

De uma seca imparcial!

Que está minguando,

A pouca água dos açudes,

A menos que isso mude,

Calamidade total!

Choro sozinho,

Ao ver os noticiários,

Que mostram nosso cenário,

E o estado de pobreza!

Cá me pergunto,

Mas não pode ser castigo,

Deus não faz isso comigo,

Eu tenho plena certeza!

Olhando o estado,

Do enorme Boqueirão,

Isso corta-me o coração,

Tudo ali é racionado!

Com tanta água,

Nos anos sem estiagens,

Hoje nos falta à coragem,

Que destino complicado!

Apenas seis,

Das quase duzentas cidades,

Não estão em calamidades,

Pelas chuvas que não vem!

E outros tantos,

Onde a fome se apossa,

Perece o homem da roça,

E os das cidades também!

Parece praga,

O que vem a nossa gente,

Não há um homem somente,

Dos políticos dessa região!

Há só se lembram,

No período eleitoral,

Com festanças e carnaval,

Arrastando a multidão!

O que mais me dói,

É que nessa simples copa,

Foram gastas muita nota,

Sem haver necessidade!

Enquanto isso,

Mesmo aqui no nordeste,

A sede mata como peste,

A nossa posteridade!

Todos conhecem,

A nossa triste situação,

Mas ninguém estende a mão,

Pra dar um cenário novo!

Que há tanto tempo,

Por um milagre espera,

Sofrendo com a tal miséria,

Que está matando meu povo!

Já conclui,

Parece a que a solução,

É se mudar do sertão,

Indo embora para o norte!

Talvez quem sabe,

Por lá se possa encontrar,

Um cantinho pra morar,

Sem preocupar-se com a sorte!

Será bem triste,

O sair de meus celeiros,

Pra viver como estrangeiros,

Nos estados do Brasil!

Mas com ficar,

Se não temos mais sustento,

Mendigando em sofrimentos,

Como aqui nunca se viu!

Tenho a família,

Filho, filhas genros e noras,

Lamento ter que ir embora,

Por não achar solução!

Talvez um dia,

Possa para aqui voltar,

Ao meu estado meu lar,

Onde plantei meu coração!

As minhas queixas,

Descritas nesse lamento,

São todos os meus sentimentos,

Rude homem nascido aqui!

Um brasileiro,

Pobre das mãos calejadas,

Pelas durezas enfrentadas,

Chora Por ter que partir!

Cosme B Araujo.

24/06/2013.

CBPOESIAS
Enviado por CBPOESIAS em 24/06/2013
Reeditado em 25/06/2013
Código do texto: T4356013
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